No segundo semestre deste ano, eu fui para Minas Gerais duas vezes! O objetivo? Conhecer histórias de jovens empreendedores criativos. E numa dessas viagens, eu dei uma esticadinha até Contagem, município próximo a Belo Horizonte, para conversar com a Bárbara e o Wellington, que me receberam super bem – com direito a bolo de cenoura com calda de chocolate! Tem coisa melhor? <3
O casal se conheceu na faculdade de Design Gráfico, em BH. No primeiro dia de aula, eles chegaram antes de todo mundo na sala, e praticamente ao mesmo tempo – sinal de que nada nessa vida é por acaso! Não demorou muito para que começassem a namorar. E não se desgrudaram mais, desde a época em que ainda eram calouros: o casamento foi em 2013 e eles já estão juntos há oito anos!
A universidade não só uniu os dois, como também ofereceu a base para que eles começassem a empreender logo no terceiro período. Uma das disciplinas do curso de Design Gráfico é a de “Processo de criação” e, para concluir a ementa, os sketchbooks são indispensáveis. Os alunos usam cadernos para desenvolver projetos manuais e dar vazão à criatividade. E foi assim que surgiu uma oportunidade de negócio.
“Nós já estagiávamos na faculdade, mas era um trabalho voluntário. A gente estava precisando de grana e por conta disso, eu comecei a assistir tutoriais sobre encadernação no Youtube. Fiz o protótipo de um sketchbook, algo bem simples, e dei de presente para a Bárbara. Depois, produzi mais três cadernos e isso acabou chamando a atenção dos colegas de turma”, explica Wellington. Na verdade, os clientes já estavam ali diante deles, na própria universidade. Era o início da Oficina Condão. “Começamos a receber encomendas dos nossos amigos e a produção continuou até o final da faculdade, apesar da falta de tempo. A gente estudava, estagiava e por muitas vezes viramos noites para dar conta de todos os pedidos”, relembra o designer.
O empreendimento criativo continuou após a conclusão do curso de Design, mas a Bárbara e o Wellington sentiram a necessidade de desacelerar um pouco. “Assim que a gente se formou, decidimos casar e conseguimos um empréstimo para financiar a nossa casa própria, em Contagem”, revela Bárbara. Com as despesas fixas que eles tinham na época, a Oficina Condão continuou sendo um projeto paralelo. De segunda a sexta, o Wellington trabalhava com diagramação numa Editora e a Bárbara integrava a equipe de design de uma empresa onde ela ingressou como estagiária. “Nós precisávamos nos estruturar melhor financeiramente para poder pensar na Oficina Condão como um Plano A”, afirma Bárbara. E pela primeira vez, ao longo de todos esses anos, o casal está conseguindo investir mais tempo e energia na produção dos sketchbooks.
Repensando o empreendimento
Muita coisa aconteceu desde que a Bárbara e o Wellington terminaram a graduação! Além do casamento, do apê novo e da mudança de Belo Horizonte para Contagem, o casal também enfrentou novos desafios na carreira. O Wellington fez uma pós em mídias sociais e começou a trabalhar com Design em terceira dimensão (3D). O foco era o desenvolvimento de aplicativos. A Bárbara, por sua vez, acabou reduzindo a sua carga horária na empresa onde trabalha e, há quase 1 ano, dedica boa parte do seu tempo ao projeto Coletive-se, que ela criou em parceria com duas amigas e colegas de profissão. Nesse novo empreendimento, a Bárbara oferece serviços de design para o mercado corporativo. Com o tempo, o Wellington começou a ajudar as três sócias no Coletive-se. Hoje, ele trabalha como freelancer, junto com esposa, e também se dedica à Oficina Condão.
“Atualmente, o Wellington está com mais tempo livre para produzir sketchbooks. Sem contar que nós estamos mais estabilizados financeiramente. Por isso, temos esse questionamento: agora pode ser o momento ideal para transformar a Oficina Condão no nosso Plano A, de fato! Até hoje, ela tem sido um projeto paralelo. Dá um friozinho na barriga, mas vamos decidir isso até o final de 2015”, revela Bárbara.
E estrutura para isso eles já tem! No dia a dia da oficina, cada um realiza tarefas muito bem definidas. “O Wellington acaba se dedicando à produção dos cadernos, ele tem mais habilidade manual. Desde a época da faculdade, ele é conhecido pelo acabamento impecável”, elogia Bárbara. “Eu cuido do material, sei a quantidade, o tamanho, o peso e o valor de tudo, mas é ela que faz as contas. E quando se trata do prazo de produção e entrega, a Bárbara já me apresenta uma planilha pronta e pede apenas para eu preencher os campos azuis”, afirma Wellington, num tom bem humorado.
“Acredito que o maior aprendizado, principalmente para casais que empreendem juntos, como nós, é não misturar o dinheiro da empresa com o dinheiro pessoal – da casa e da família. Isso nós estamos conseguindo administrar bem”, afirma Bárbara. “E também é importante dar um passo de cada vez”, orienta a designer aos futuros empreendedores.
“Quando o nosso intuito era criar uma empresa do zero para, em pouco tempo, ter um galpão só da Oficina, nós estávamos querendo dar um passo maior que a perna. E quando a gente se conscientizou de que deveríamos trabalhar com o material e as horas disponíveis que nós tínhamos, fomos nos adequando a nossa realidade. Só assim conseguimos suprir as nossas expectativas e focar no essencial: desenvolver produtos de qualidade para os nossos clientes”, complementa.
E eu estou aqui na torcida para que a Bárbara e o Wellington deem mais um importante passo, de forma consciente, é claro! Como jornalista apaixonada por sketchbooks, o meu desejo é que esses cadernos lindos, produzidos com tanto amor e carinho, se tornem os protagonistas dessa história real, repleta de muita garra e determinação 🙂