Eu conheci a Meg&Meg – marca de papelaria que eu amo – através do Instagram, em outubro de 2016. Lembro como se fosse ontem: os planners 2017 já tinham sido lançados e a capa que eu mais gostei, na época, estava esgotada. Aguardei um tempinho até comprar, na esperança de que o estoque da capa rosa dálmata fosse reabastecido. Mas como eu não tinha certeza se esse desejo se realizaria, resolvi garantir logo outra capa (que também era linda!) antes que todos os modelos se esgotassem no site! E não é que para minha surpresa, foi só receber o meu planner em casa, pra que a capa rosa dálmata voltasse ao estoque?! Fiquei muito feliz com a minha compra, de verdade, independente do modelo! Mesmo assim, como quem não quer nada, escrevi um comentário num dos posts da Meg&Meg no Instagram (eu mais parecia uma adolescente, mas quem ama papelaria vai me entender): “Eu adorei o meu planner – recebi hoje – mas confesso que o meu sonho de consumo era a capa rosa dálmata, que acabou de voltar pro estoque!” Na mesma hora, a Jessica – criadora da marca – me enviou uma mensagem inbox: “Talita, se você ainda não tiver usado o seu planner, pode me enviar de volta que eu te encaminho o modelo com a capa rosa dálmata – seu sonho de consumo!”
Naquele momento, eu pensei: “essa marca acaba de conquistar uma cliente fiel” – não só pela qualidade dos produtos, mas pelo atendimento também! Bom demais quando a gente se sente especial e percebe o carinho que o pequeno empreendedor tem com cada cliente que investe no seu negócio! E assim foi! Em poucos dias, eu já estava com o meu “rosa dálmata” em mãos! Dois anos depois, cá estou eu novamente aguardando o meu planner chegar – desta vez, escolhi a capa azul margarida pra me acompanhar no ano que vem <3 Toda essa admiração que eu sempre tive pela marca, desde o início, só aumentou quando conheci a Jessica pessoalmente, em julho deste ano! Fiz uma viagem rápida para São Paulo e aproveitei a oportunidade para visitar o antigo escritório da Meg&Meg (siim, a papelaria acaba de ganhar um novo espaço) e ouvir a história inspiradora dessa empreendedora talentosa e muito determinada!
Nascida em Campinas, a Jessica começou a trabalhar bem novinha: aos 15 anos de idade, como modelo. Aos 20, ela se formou em Design de Games – uma graduação que se assemelha bastante ao tradicional Curso de Design Gráfico, mas com foco na criação de jogos, aplicativos e vídeo games. Olhando pra Jessica hoje, à frente da Meg&Meg, é difícil imaginar que ela tenha trabalhado numa área tão diferente, mas é a mais pura verdade! Inclusive, ela atuou nesse setor durante cinco anos – até chegar à conclusão de que ser funcionária não era exatamente o que ela sonhava para o seu futuro! “Eu fui gerente de projetos. Comecei trabalhando numa produtora pequena, prestando serviços para uma agência de publicidade. Depois de um tempo, consegui uma vaga numa agência de publicidade mesmo. Eu gostava muito de trabalhar como gerente de projetos porque essa função envolve toda a parte de organização e cronograma. O trabalho era bastante variado: a gente criava desde sites, projetos interativos, até jogos para empresas do porte da “Pampers”, “Guaraná” e “Absolut”, por exemplo. Os clientes eram grandes e a responsabilidade era dobrada – tinha que ser tudo muito bem feito!”, relembra Jessica.
“Eu sempre gostei do meu trabalho, mas a carga horária extremante puxada das grandes agências de publicidade – e até mesmo das produtoras pequenas – me fez parar pra refletir se eu gostaria de ter aquele mesmo ritmo de trabalho, a longo prazo. Eu ficava pensando: será que daqui a 10 anos, tudo isso vai continuar fazendo sentido pra mim, independente de ser promovida ou não? Será que vou conseguir conciliar essa carreira com a minha vida pessoal, trabalhando sem ter hora certa pra voltar pra casa?”, revela. Mesmo com essa dúvida martelando na cabeça, a futura girl boss da Meg&Meg seguia cumprindo o seu papel nas grandes agências de publicidade. Mas como ninguém é de ferro, nas horas vagas, o seu passatempo predileto era perder a noção do tempo no Instagram, acompanhando perfis fofos de papelaria e decoração que ela tanto admirava!
“Com o tempo, eu percebi que o universo dos games não me interessava muito! A ficha caiu através de um exercício que fiz na empresa onde eu trabalhava, na época: nós, funcionários, tínhamos que listar os temas/assuntos com os quais a gente mais se identificava. Confesso que achei muito estranho quando notei o que hoje parece óbvio pra mim – eu até gostava da minha área, mas se me pedissem para sair em busca de algo que eu realmente me interessasse, os games não seriam a minha primeira opção! Eu até poderia pesquisar mais a respeito, mas porque me sentia obrigada a entender sobre o tema, como profissional. Somente a partir daí, me dei conta de que essas coisinhas fofas de papelaria e decoração sempre fizeram os meus olhos brilharem”, explica Jessica.
Trajetórias e livros que inspiram
O Instagram não era apenas sinônimo de ócio criativo para a Jessica. Foi através dessa rede social que ela começou a se inspirar com a trajetória profissional de outras empreendedoras. “Em meio ao passatempo de acompanhar, nas redes sociais, o crescimento de algumas lojas que eu admirava, acabei conhecendo o perfil de uma colega de infância, que tinha acabado de lançar a sua própria loja/marca de roupas. E ela tem a mesma idade que eu. Na época, estávamos com 23 anos. Lembro que falei para mim mesma: nossa, as pessoas de fato têm essa opção – de ter uma loja – não precisamos ser funcionárias, necessariamente! Quero ter uma loja também”, conta Jessica. “Nisso, os anos foram passando, eu fui promovida, troquei de empresa, a vida foi andando porque eu tinha uma carreira e, paralelamente, fui anotando as ideias da lojinha. A cada início de ano eu tinha como meta fazer o protótipo da minha futura loja, só que nunca dava tempo porque o trabalho sempre me consumiu muito, em termos de carga horária”, complementa a empreendedora.
Enquanto o sonho da lojinha não saía do papel, a Jessica ficou sabendo de um livro, também pelas redes sociais, que foi um divisor de águas em sua vida. “Eu comecei a notar, lá pelo início/meados de 2015, que muitas empreendedoras que eu admirava estavam lendo o livro Girl Boss, da Sophia Amoruso – criadora do site Nasty Gal. Arrumei logo um jeito de conseguir um exemplar pra mim! Quando comecei a ler, tive ainda mais certeza de que deveria ter o meu próprio negócio. Até porque no livro, a Sophie conta que mesmo sem ter uma especialização, ela criou a empresa dela fazendo o que mais amava e justamente por isso, sempre teve muita garra para ir em busca dos seus sonhos. Na época, eu disse: é isso!”
Começando uma empresa com muita garra e pouco investimento
Embora, internamente, a decisão de mudar o rumo da vida profissional já fosse algo certo, na prática, o processo foi lento e difícil – como muitas transições de carreira costumam ser. “Desde o momento em que eu tive aquele estalo, no sentido de que poderia ter a minha própria loja, até pedir demissão, de fato, foram uns dois anos”, revela Jessica. “Eu mesma levei um tempo até aceitar a ideia de que eu queria pedir demissão para abrir o meu próprio negócio. Foi desafiador, em grande parte, porque ninguém empreende na minha família, todos são funcionários – então sempre me perguntei se eles iriam entender a minha escolha quando soubessem dos meus planos”, explica.
Apesar do friozinho na barriga, o sonho de lançar uma loja falou mais alto! Em 2015, ela tomou coragem e pediu demissão. “Quando finalmente me desliguei do mercado corporativo, eu não sabia ainda o que iria fazer dali pra frente. A única certeza que eu tinha é que a minha futura loja seria fofa! A minha marca iria reunir produtos que eu gostaria de ter, mas que não encontrava com facilidade para comprar, no comércio tradicional. Por isso mesmo, eu me permiti ficar 1 mês pensando com calma nos meus próximos passos”, conta a empreendedora. “Após esse período de reflexão, eu resolvi arriscar e comecei o meu negócio, de verdade! E gerente de projetos que sou, já montei logo um cronograma, com metas e prazos”, relembra a girl boss!
A Jessica se deu um prazo de três meses para lançar a loja. Em seguida, pegou um caderno e listou o que deveria ser feito em cada mês. Depois, ela desmembrou as tarefas por semanas e com um grifa texto ia destacando os itens que já haviam sido cumpridos. “Eu estipulei esse prazo de três meses por conta da minha experiência nas agências de publicidade: nós fazíamos projetos grandes, num período de três meses! Montamos um bar interativo para a empresa “Absolut” em três meses! Como eu não iria lançar uma coleção com três cadernos nesse mesmo período?! Imagina, eu não tinha a opção prolongar esse prazo, eu tinha que fazer acontecer”, explica. E assim foi: A Jessica deu início ao seu cronograma em novembro de 2015 e na última semana de janeiro de 2016, ela lançou o site da Meg&Meg, com a primeira coleção da marca!
“Eu não fiquei apegada em ter tudo perfeito no começo. Eu fui fazendo! Eu tinha mais aquele prazo de três meses, na minha cabeça, porque eu não queria ficar só no conceito, viajando, sem entender se o negócio iria dar certo. A ideia era justamente não ficar muito tempo só idealizando pra depois colocar no ar e as pessoas porventura não gostarem. Eu comecei a ler A Startup Enxuta, do autor Eric Ries, na época, e a leitura me ajudou bastante nesse aspecto, porque o Eric sugere que a gente comece pequeno, para ir crescendo aos poucos. E eu tenho seguido esse conselho até hoje!”, revela Jessica.
Trajetória da Meg&Meg: do home office para o novo atelier da marca
No dia em que conheci a Jessica pessoalmente, eu já sabia que muito em breve, o escritório da Meg&Meg iria ganhar um novo endereço! A empresa que começou no antigo apartamento da Jessica, estava prestes a ser instalada numa casa linda, com porta rosa, em tom pastel, e parede de tijolinhos brancos. Mais um sonho realizado, sem sombra de dúvida!
“Eu idealizei a Meg&Meg na mesa da cozinha do meu antigo apartamento. Até esqueço desses detalhes, mas volta e meia preciso reforçar pra mim mesma, como tudo começou! Sei que com apenas três anos de vida, a Meg&Meg é uma empresa super nova! Mas teve todo esse processo de entender como tudo iria funcionar, de segurar custo, de não deslumbrar com as coisas. Eu comecei a empresa na minha antiga cozinha, porque era onde dava pra começar, na época! E lembro, até hoje, dos gatinhos pulando em cima da mesa enquanto eu trabalhava”, conta a empreendedora, com um sorriso no rosto.
“Só depois do lançamento da primeira coleção, eu comprei uma mesa branca para montar o meu home office num cantinho da sala de estar. A cadeira ainda era da cozinha, mas com o tempo, fui decorando o espaço que eu tinha e ele ficou com cara de escritório de verdade!”, brinca. “Foi com a mesa branca que tudo começou – e esse móvel me acompanha até hoje! Antes, eu não tinha um local fixo pra trabalhar, dentro de casa: ora eu estava com o meu notebook na cozinha, ora no quarto. E assim, eu fui construindo a história da minha marca”, relembra.
Impossível não se emocionar com esse relato, até porque quem empreende sabe o quanto nos dedicamos para realizar um sonho e fazer acontecer! Aprendi muito conversando com a Jessica! Ela é um exemplo não só de perseverança, mas de leveza também! A forma doce com que ela conduz o seu negócio nos faz acreditar de que é possível sim, trilhar o nosso caminho com fé, propósito e muito amor, sabendo que o Universo irá retribuir em dobro. Se o trabalho que você tanto almeja pra sua vida, conversa com sua alma – como é o caso da Jessica – se preocupe apenas em fazer a sua parte! A cada novo passo, tudo começa a fazer sentido: as flores já estarão esperando por você ao longo da estrada.
O bate-papo com a Jessica foi tão inspirador, que eu resolvi dividir esse post em duas partes! Neste, contei a história da Meg&Meg. No segundo, que já está no ar, eu compartilhei uma entrevista exclusiva com Jessica, sobre os bastidores da empresa e algumas decisões importantes que ela tomou ao longo desses três anos de Meg&Meg 😉
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