A Diana Gondim é designer de formação e desde 2013, se descobriu aquarelista – durante o Curso de Técnicas de Ilustração do renomado artista plástico Renato Alarcão. Falando assim, parece até que a Diana se encantou pelo universo artístico há pouco tempo…que nada! Desde criança, ela já pintava, desenhava e ainda estipulava metas para produzir suas criações. Um talento nato! Há pouco mais de um ano, ela está trabalhando por conta própria e finalmente conseguiu aliar as suas duas paixões: o Design e a Pintura. Nesse bate-papo super descontraído, a artista fala sobre empreendedorismo, rotina de trabalho, sonhos e ainda dá dicas para quem também deseja ter o próprio negócio! E se você ficou curioso pra conhecer a história da Diana, é só clicar aqui para ler o primeiro post desta série 😉
Você sempre se imaginou como empreendedora? Ou trata-se de algo novo na sua vida?
Sempre me imaginei dona do meu próprio negócio, desde pequena. Não sei explicar, mas eu sabia que algum dia isso iria acontecer. Porém, somos criados para estudar, nos formar e arranjar um emprego. É uma crença bastante enraizada na nossa sociedade e tenho lido muito para ampliar meu horizonte, nesse aspecto. Eu acabei empreendendo num momento de crise, onde não há muitas ofertas de emprego no mercado. Pensando por esse lado, eu teria sido “jogada” no universo do empreendedorismo, querendo ou não – como tem acontecido com muitos profissionais Brasil afora. Fazendo uma retrospectiva da minha carreira, agradeço muito por ter me preparado para estar aqui hoje, fazendo o que eu amo, de forma sustentável. E confesso que estou tentando convencer muitos amigos a embarcarem no empreendedorismo criativo também!
Você comentou comigo, durante a sessão de fotos, que o seu casamento foi um momento muito especial, em todos os aspectos! Ao cuidar da decoração da festa, você teve inúmeros insights de serviços e produtos que poderiam ser oferecidos para os seus futuros clientes. Conta pra gente como foi essa experiência e como o seu casamento acabou se tornando uma espécie de “ponto de virada” para o início de uma linda jornada empreendedora! =)
Meu casamento foi essencial nesse processo! Eu tinha voltado a pintar três meses antes de ser pedida em casamento. Quando decidimos fazer uma comemoração, eu sabia que o meu tempo livre seria tomado pelo planejamento da cerimônia. Se eu não arranjasse um jeito de usar as minhas pinturas para decorar a festa, eu iria acabar desistindo de pintar. Decidi criar uma estampa floral para a decoração, com as cores da festa. Foi tudo muito rápido, mas justamente por eu estar pintando só há três meses, precisei melhorar bastante a minha técnica, em pouco tempo. Passei a pintar quase todos os dias! Resultado: não só ganhei confiança, como descobri um nicho incrível de trabalho – o branding do evento, que vai desde o save the date e o convite, até a decoração da festa como um todo (plaquinhas para tirar foto com os convidados, menu de drinks, dentre outros produtos e serviços). Eu fiz tudo: até os bonequinhos de madeira do topo do bolo eu pintei! Além de ter ficado exatamente do jeito que eu queria – modéstia à parte, ficou lindo! – eu casei segura por ter encontrado um nicho de mercado e um novo futuro para a minha carreira. Depois de meses de dedicação ao planejamento da festa, o blog Colher de Chá Noivas (referência no assunto e minha principal fonte de pesquisa, na época) acabou publicando um post sobre o meu casamento. Fiquei muito feliz!
Fale um pouco da sua rotina criativa! Como você se planeja para ter uma semana de trabalho cada vez mais produtiva? Quais são as principais “dores e delícias” de quem trabalha em casa?
Me considero uma pessoa organizada e sempre trabalhei bastante. Com base nisso, achei que seria fácil organizar a minha rotina no home office. Mas não foi assim tão simples: passei um bom tempo muito mais envolvida em cozinhar, lavar louça, arrumar a casa e tentar trabalhar no meio de tudo isso, do que realmente produzindo. Percebi que criar uma rotina de trabalho não pode ser algo intuitivo: é importante fazer uma programação, com regras e muitas anotações! Comecei a escrever tudo o que eu tinha pra fazer (tarefas) e o que queria fazer (metas e sonhos) – tanto em relação ao meu trabalho como designer quanto no que diz respeito a minha produção artística. Fui avaliando tudo com o calendário na mão pra ver como aquilo funcionaria na prática. Nesse planejamento, eu também contemplei as tarefas da casa e os compromissos pessoais (como as reuniões da Kabbalah que frequento semanalmente, trabalho voluntário, academia, etc). Só assim – depois que coloquei tudo no papel – consegui desenhar uma agenda semanal básica pra mim! Imprimi, com cores diferentes para cada tarefa, e coloquei na parede do meu home office. Essa agenda me ajuda a avaliar se estou mais ou menos dentro do que eu havia planejado. De qualquer forma, estruturar uma rotina é um aprendizado diário. Confesso que ainda estou num processo de adaptação e otimização do meu tempo. Por outro lado, tenho que admitir: trabalhar por conta própria tem inúmeras vantagens! Agora, eu posso agendar reuniões durante o dia, ir ao médico quando preciso e ainda consigo aproveitar a oportunidade pra resolver alguma pendência na rua, almoçar com uma amiga que mora por perto…enfim, hoje eu posso me dar ao luxo de mudar a programação do meu dia se houver necessidade! Quando a minha avó celebrou seus 94 anos, em plena quarta-feira, lá em Campos dos Goytacazes, eu me organizei e fui! Trabalhei no sábado e pude viajar no meio da semana! Esse é o lado bom de administrar o nosso próprio tempo! Outro aspecto positivo: várias compensações que eu me dava por passar o dia inteiro trabalhando num escritório, como fazer compras a todo momento, por exemplo – eu parei! Não sinto mais necessidade, estou vivendo outra vida!
O que te inspira na hora de criar? Onde você busca inspiração no dia a dia corrido de uma grande cidade, como o Rio de Janeiro?
Essa é a parte mais fácil! Minha paixão pela natureza, pelo céu azul, pelo Brasil e pela minha realidade no Rio de Janeiro fazem com que eu tenha inspiração diariamente! Moramos num país lindo, com muitas questões a serem resolvidas, claro, mas sempre podemos escolher “o jeito” como vemos as coisas. Eu escolhi ver o lado bonito e espalhar essa visão por aí! E quanto mais eu pinto, mais eu vejo coisas belas! Desde que comecei a criar com regularidade, as cores nas ruas saltam na minha frente! Todo dia tenho vontade de fazer algo novo, nem estou dando conta de tanta inspiração! Confesso que o meu maior desafio é organizar tudo isso: porque se você não produz, aquela inspiração fica só no campo das ideias, não se concretiza!
Qual é o seu sonho? E como você imagina o seu negócio criativo daqui a alguns anos?
Meu sonho é poder revelar a minha luz ao mundo através do meu trabalho, pois acredito que o trabalho é a oportunidade de revelar o bem. Meu desejo é que as minhas pinturas e produtos resgatem a memória afetiva e os sonhos de outras pessoas – inclusive daquelas que não são daqui, para que elas possam se encantar com a nossa realidade ensolarada e tropical, até porque viver em lugares frios e com dias nublados pode ser bastante depressivo, acreditem! Também sonho em ter uma loja – um espaço onde o meu trabalho se complemente ao de outros profissionais talentosos. Um lugar onde as pessoas possam se sentir inspiradas, energizadas e felizes! Imagino uma dessas casas antigas, toda reformada, com pé direito alto, muita luz natural e várias obras e objetos lindos de décor à disposição dos clientes e visitantes. Além disso, sonho em ensinar também, para ajudar outras pessoas a revelarem a luz delas ao mundo!
Qual conselho você daria pra quem também tem vontade de empreender, na área criativa, mas ainda não teve coragem de dar o primeiro passo?
A falta de coragem tem a ver com o nível de expectativa que a gente cria em relação a nós mesmos. É muito perigoso fazer pesquisa de mercado, ver que já tem tanta gente talentosa produzindo coisas bacanas e se sentir pequeno diante disso. Nesse momento, rola uma paralisação, e vem logo aquele pensamento clássico: “já tem alguém fazendo isso, não tem espaço pra mim”. Sempre vai ter espaço – o seu espaço – porque o que você cria SÓ você cria. Entende? O importante é ouvir essa voz que te impede de começar e dizer: “OK, agradeço seus conselhos, mas vou seguir assim mesmo”. Trace prazos para criar e se inspirar, algo como: “este mês vou escolher alguns dos meus trabalhos para emoldurar; vou fotografar e vender as imagens para quem eu quiser!”, ou ainda: “vou conversar com profissionais que eu admiro pra perguntar como eles começaram”. Resumindo: cumpra suas próprias metas! Aos poucos, você vai ter uma estrutura e os resultados vão aparecer! Deixe o mundo saber qual é o seu talento, se exponha! E o mais importante: seja gentil com todos e não deixe o pessimismo te abalar! Você nunca sabe de onde virá uma oportunidade mas, com certeza, ela virá! A crise nunca é para todos, e aqueles que conseguirem manter o espírito “animado” verão os resultados positivos.
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