A felicidade da busca

Assim que tive a ideia de criar o projeto Inside the Office, meus olhos brilharam só de pensar na possibilidade de poder escutar e, acima de tudo, contar histórias inspiradoras de profissionais que “fazem acontecer” e vão em busca dos próprios sonhos. Eu só não imaginava que seria tão gratificante! Cada história, um novo aprendizado, uma nova forma de enxergar o mundo.

E tudo isso só está sendo possível porque estou passando por um período de auto-conhecimento que resolvi denominar como a felicidade da busca– nome inspirado no título do novo livro do famoso empreendedor americano Chris Guillebeau. Enquanto a maioria das pessoas pregam a busca pela felicidade, Chris deixa claro que a felicidade está justamente na busca. E eu concordo com ele.

Durante muito tempo, imaginei que a felicidade chegaria num futuro distante, embrulhada pra presente e tudo, quando a minha vida atingisse um nível ideal de temperatura e pressão – ou seja, quando eu me sentisse plenamente realizada no trabalho e no amor, como em muitos filmes de Hollywood. Como eu era ingênua! Depois de algumas surpresas da vida, estou cada vez mais convencida de que a felicidade está no aqui e no agora – momento em que ainda estamos em busca do nosso próprio caminho.

A vida pede mais

Essa fase está sendo de tanto aprendizado pra mim que, mais uma vez, resolvi compartilhar, não só as histórias de outros profissionais, mas um pouquinho da minha trajetória também, nessa jornada para empreender, de forma criativa e sustentável. Quem sabe a minha experiência pessoal como “empreendedora-caloura” não possa ajudar ainda mais pessoas que desejam fazer o mesmo? Foi por isso que criei a categoria A vida pede mais, aqui no blog – justamente para contar o que eu tenho aprendido ao longo do caminho que resolvi criar pra mim. E hoje, vou falar sobre como tudo começou! E como as boas surpresas que vida me deu acabaram dando origem ao projeto Inside the Office 🙂

Se aos 20 anos alguém tivesse me perguntado como eu me imaginaria uma década depois, eu responderia: “vou estar casada, com dois filhos lindos e, de quebra, ainda vou ter um trabalho estável – com direito a um labrador me esperando na porta de casa, no final do dia”. “A happy ordinary life”, como dizem os americanos. Uma vida comum, mas feliz. Bom, nem preciso dizer que nada aconteceu da maneira como eu imaginava, né? A coisa mais natural do mundo, aliás!

Quando pensei que tinha chegado o momento certo para ter filhos, eu vi um relacionamento de quase oito anos se desmanchar no ar. E quando imaginei que nunca seria demitida, por estar num emprego relativamente estável, veio a crise econômica, e com ela, a oportunidade de reescrever a minha história profissional. Não estou aqui querendo dizer que sou uma vítima. Muito pelo contrário! Na verdade, sou extremamente grata por tudo o que me aconteceu até hoje.

Não me arrependo de nada. Meu antigo emprego, em que fiquei por mais de 10 anos, me presenteou com amigos que vou levar pra vida toda e foi através de um salário fixo que consegui mobiliar o meu “cafofo” de 50m2. Na prática, era um trabalho digno, que pagava as minhas contas. E ponto final. Já tinha tempo que a felicidade não estava incluída nesse pacote. Me sentia como o personagem interpretado por Charles Chaplin, no filme “Tempos Modernos” – uma simples operadora de botão.

No fundo, eu já sabia que deveria tomar uma atitude. Mas sempre faltou coragem. “E se eu ficar completamente sem grana?”, “E se eu tiver que voltar a morar com os meus pais?” Eram tantos empecilhos imaginários, que eu acabava ficando no mesmo lugar. Simplesmente por sentir “medo do novo”. Quando me dei conta, estava levando uma vida de obrigações como se eu já tivesse aqueles dois filhos que sempre quis ter, quando na verdade, ainda estava solteira e sem ter uma família para sustentar.

E foi justo nesse momento que o universo me ofereceu um papel em branco e disse: “pronto, sua vida está zerada, agora você pode fazer o que quiser dela!” Resolvi obedecer. Peguei papel e lápis e comecei a pensar como seria o meu dia perfeito, como eu quero viver daqui pra frente.

Ainda estou fazendo o rascunho da minha “nova vida”, mas de uma coisa eu tenho certeza: quero mais do que simplesmente ter um trabalho que pague as minhas contas. Quero ser feliz e gerar valor para o mundo, de alguma forma. Quando digo que saí do meu antigo emprego, as pessoas costumam me perguntar: “E o dinheiro, como você tem feito?” Bom, eu tenho o suficiente para viver por mais alguns meses. Mas tenho acordado com um sorriso no rosto todos os dias. E isso não tem preço! O meu cenário atual, com pouca grana – que antes seria interpretado como o “pior cenário do mundo”, acabou se transformando numa das melhores fases da minha vida.